Diagnostico do Estado, cidade ou território

É muito importante que os membros do conselho conheçam bem o território de atuação, para uma melhor compreensão dos desejos e necessidades da população idosa, estabelecimento de prioridades e deliberação sobre ações necessárias. 

O objetivo desta fase é organizar toda a informação disponível, tanto sobre as pessoas idosas (caracterização socioeconômica, seus desejos, necessidades e dores), quanto do que é oferecido no território. Um planejamento estratégico fundamentado em um bom diagnóstico faz com que as prioridades sejam estabelecidas com o uso de metodologia e evita-se a tomada de decisão baseada em experiências pessoais.

Realização de pesquisas

As boas práticas recomendam o uso de maneira complementar tanto de pesquisas qualitativas, quanto de pesquisas quantitativas com a população idosa. As pesquisas quantitativas são muito úteis para entender o comportamento da massa de indivíduos com mais de 60 anos que vive no território. Um exemplo de pesquisa quantitativa é o Censo, elaborado pelo IBGE a cada dez anos. Em função da pandemia, os dados não foram atualizados na data prevista, em 2020. No censo, os indicadores produzidos têm validade estatística, uma vez que são obtidos por meio de uma rigorosa aplicação metodológica.

Dados disponíveis

No Brasil, a informação pública é garantida por lei e é uma excelente fonte para a geração de conhecimento. O nosso país figura entre os que mais disponibilizam informação no mundo. Além do IBGE, são exemplos de bases disponibilizadas o DATASUS, e o censo SUAS. Entretanto, a possibilidade de acesso aos dados é condição necessária, mas não suficiente para transformar informação em conhecimento. Essa tarefa demanda competências típicas de cientistas de dados e estatísticos. Além disso, é recomendável que a informação seja organizada de acordo com as boas práticas nacionais e internacionais. 

OBSERVATÓRIO LONGEVIVER

Cientes de que a maioria dos territórios não dispõem de equipe técnica disponível para a elaboração do diagnóstico quantitativo, um grupo de colaboradores desenvolveu o Observatório Longeviver. Trata-se de uma ferramenta geoestatística que organiza bases públicas na forma de indicadores, índices, gráficos e mapas e facilita a sua leitura até mesmo por pessoas que não estão muito familiarizadas com esse tipo de ferramenta. A sua utilização é gratuita e será mais bem explorada na sequência. 

O Observatório Longeviver traz de maneira organizada o conjunto de variáveis e indicadores que a Estratégia Brasil Amigo da Pessoa Idosa (EBAPI), por exemplo, recomenda para análise. Além disso, baseado no estudo de boas práticas internacionais, oferece mapas e gráficos que são muito úteis para a uma melhor compreensão da realidade de cada município, sendo que alguns indicadores são desagregados, permitindo análises em unidades territoriais menores, equivalentes a regiões de uma cidade. 

São informações que permitem caracterizar o território e a população idosa que nele habita, por meio de dados geográficos, demográficos e epidemiológicos. A EBAPI reconhece que o foco do diagnóstico dependerá das especificidades de cada território, entretanto para facilitar a tarefa, como ponto de partida, recomenda a utilização de um conjunto de indicadores e variáveis, bem como suas respectivas fontes de dados. Esse conjunto de informações é disponibilizado em um relatório do Observatório (vide figura abaixo). 

Além desse relatório, baseado em boas práticas nacionais e internacionais, são disponibilizadas informações de fontes públicas, organizadas na forma de indicadores, gráficos e mapas. Essas informações estão agrupadas em sete eixos temáticos:

1-    Perfil socioeconômico da população idosa do território
2-    Informações sobre as características do território
3-    Acesso ao consumo, educação e cultura
4-    Indicadores sobre finanças, trabalho e renda
5-    Informações sobre cidadania, saúde, bem-estar e segurança
6-    Ambiente social
7-    Conectividade e acesso à informação

Dados dos municípios e dos Estados

Para facilitar a análise dos vários indicadores oferecidos para cada eixo temático, um grupo de estatísticos desenvolveu um indicador ponderado que representa o grau de desenvolvimento do território no eixo. O indicador ponderado não tem um significado próprio, entretanto, é extremamente útil para fazer comparações entre os eixos e entre territórios. A ferramenta oferece esses comparativos na forma de gráficos, conforme figura abaixo:


 

No exemplo da figura, é possível comparar o indicador ponderado do município de Belo Horizonte com o da região metropolitana da cidade, do estado de Minas Gerais e de um município, de mesmo porte, que é referência nesse tema. 

Para municípios maiores, a ferramenta oferece informações de acordo com os setores censitários. Esse recurso é muito útil para elaborar diagnósticos para as diferentes regiões do território. No exemplo da figura abaixo é possível observar que a população idosa de Belo Horizonte é distribuída de maneira muito diferente entre os vários setores censitários da cidade. 

Informações por conjunto de bairros



Acompanhamentos específicos - COVID19
 
Outra ferramenta importante e disponibilizado pela plataforma Longeviver para acesso público é o Monitor da Covid. Nele é possível acompanhar os principais indicadores nacionais e estaduais, mas também estão disponíveis visões municipais e até mesmo comparativas entre os territórios que se pretende observar.


Outras informações por município

Se o território dispuser de dados mais atualizados, outras análises sobre o uso da cidade pelas pessoas idosas podem ser elaboradas, identificando-se, por exemplo, regiões onde há maior concentração de 60+ dentro das cidades e suas  relações urbanas com os equipamentos de saúde, infraestrutura de transporte, comércio, oportunidades de empregos para pessoas mais velhas, áreas de  lazer, estímulos à cultura e mecanismos de suporte social.

Enquetes qualitativas

Além das análises quantitativas, recomenda-se fortemente o uso de técnicas de pesquisa qualitativas. Essas técnicas não objetivam validade estatística, entretanto, são extremamente úteis para a formulação de hipóteses sobre os desejos e necessidades da população idosa do território. A utilização dessas ferramentas é muito importante para dar voz às pessoas idosas.

É importante ressaltar que apesar de não possuírem validade estatística, o uso de técnicas de pesquisa qualitativa requer conhecimento técnico e experiência. A crescente utilização de metodologias centradas nos usuários e modelos ágeis de implementação geraram uma grande valorização do emprego de pesquisas qualitativas. As técnicas mais utilizadas são as entrevistas, grupos focais e rodas de escuta.

Conferências

As conferências de direitos das pessoas idosas se constituem em fonte de conhecimento de extrema importância para as políticas públicas do território. As conferências reúnem representantes do governo e da sociedade civil organizada com o objetivo de gerar e compartilhar conhecimento sobre as necessidades impostas pelo envelhecimento populacional e definir diretrizes prioritárias para as políticas públicas. 

Além das pesquisas formais e da conferência, recomenda-se que o grupo de trabalho pratique constantemente a observação das pessoas idosas e o uso de escuta ativa (ou empática).  No processo de escuta ativa quem está ouvindo não está somente interessado nas palavras que são ditas, mas também nos sentimentos de quem está falando. Em outras palavras, está atento ao tom de voz, na expressão corporal e em outras mensagens não-verbais da comunicação.

Escutas sociais

Escutar ativamente, com todos os sentidos, é uma prática que além de melhorar significativamente a compreensão da mensagem, fortalece a confiança mútua.

Rede de proteção

Por fim, mas não menos importante, deve-se conhecer o que está sendo oferecido pelo território para garantir o cumprimento do estatuto do idoso. O objetivo é identificar os serviços, equipamentos, projetos e ações que atendam os desejos e necessidades da população. A equipe deve estar atenta não apenas com o que já está disponível, mas também com o que está previsto ou em fase de implementação. Além disso, o grupo de trabalho deve conhecer a legislação que trata da promoção e proteção aos direitos da pessoa idosa e as competências dos diferentes órgãos que compõem o sistema de garantias para os direitos da pessoa idosa.

Em todas essas iniciativas, é fundamental que os grupos de planejamento e formulação do plano de ação considerem as competências dos diferentes órgãos e instituições que compõem a rede de proteção das pessoas idosas dentro do território. Para que os recursos possam ser otimizados e colocados à disposição dos conselhos e, com isso, a própria rede seja fortalecida em seus relacionamentos, ações e reações a eventuais situações de violência contra idosos.

REALIZAÇÃO    

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